Me Colegaram!

Ok. Esse é um fenômeno constante nos dias atuais. Pelo menos é constante comigo. Funciona mais ou menos assim: Você tem um relacionamento bem próximo com uma pessoa, do tipo amizade e tals. Por certo tempo, vocês só saem juntos, antes de qualquer programa ligam um pro outro, bebem juntos, confidenciam as merdas do dia-a-dia e tudo mais. Só que um dia isso acaba. E com o tempo, a distância fica cada vez maior. Não sem antes um dos dois tentar uma reaproximação, só que algo muda. A impressão é altamente constrangedora. E depois de uma ou duas tentativas frustradas, você ou a outra parte decide que é melhor deixar para lá.
Só que aí vem a questão: quem vai “colegar” o outro primeiro? É isso mesmo: “Colegar”. Acontece quando você não está mais a fim de se sentir constrangido a falar amigavelmente ou perguntar o que você não tem o menor interesse de saber só para dizer que, apesar da distância, você se importa. Pois, na verdade, VOCÊ NÃO SE IMPORTA!VOCÊ NÃO QUER SABER! VOCÊ NÃO QUER NEM DIRIGIR A PALAVRA!
Só de pensar que você vai encontrar aquela pessoa em algum lugar, você já fica nervoso. Tenta pensar de antemão em alguma pergunta ou situação que o tire de perto dela rapidamente. É constrangedor pensar que você vai passar por aquilo. Então você simplesmente decide que é melhor se poupar do incômodo e “colegar” a pessoa. É muito simples, basta olhar com aquela cara de dor de barriga, o famoso sorrisinho forçado, em que você demonstra o tamanho do esforço que faz para emular uma sensação agradável. Depois disso, um breve aceno e uma pergunta que não precisa de resposta do tipo: “Tudo bom? E aí?” Lembre-se de dizer o “bom” ao invés de “bem”, ou você pode passar a impressão errada.
A questão é saber quem vai “colegar” o outro primeiro. Porque, apesar de o sentimento de constrangimento ser mútuo, ser colegado é muito ruim. Quando você colega, o sentimento de alívio é inacreditável. Pelo outro lado, ser colegado é frustrante de muitas formas. Primeiro, demonstra que aquela amizade não é e muito provavelmente não vai mais ser a mesma coisa de antes. Se adaptar? É um caminho. Mas o mais comum é a acomodação com situação.
Enfim, lembre-se que todos nós já colegamos alguém. Ao fazê-lo, seja bom e evite muitos detalhes ou interesse. Afinal, o colegar dificilmente tem volta e quem o faz primeiro aparenta ter saído por cima da situação. Se é bem assim? Num sabe...